E hoje trago um livro que queria muito muito ler, que tem imenso hype e que certamente já ouviram falar dele. Falo do livro de R.F. Kuang, Babel.
O livro fala sobre 4 alunos de tradução, em Oxford, na torre de Babel e sobre o negócio por detrás desse torre, com o Império Inglês a dorminar o mundo. 3 dos alunos são estrangeiros e é exactamente isso que é tão importante para a narrativa do livro.
As crianças não paravam de olhar para ele; tinham os olhos arregalados e as bocas escancaradas de uma forma que teria sido encantadora se não fizesse Robin sentir-se como se tivesse duas cabeças. Ao fim de algum tempo, o rapaz puxou a manga da mãe e fê-la baixar-se para lhe poder sussurrar ao ouvido.
- Oh. - Ela riu-se e olhou para Robin.
- Ele quer saber se tu consegues ver
- Eu... o quê?
- Se consegues ver? - A mulher levantou a voz e pronunciou bem cada sílaba, como se Robin tivesse dificuldade em ouvir. (Aquilo acontecera muitas vezes com Robin no Condessa de Harcourt; ele nunca conseguira perceber porque é que as pessoas tratavam aqueles que não percebiam inglês como se fossem surdos.) - Com uns olhos assim, consegues ver tudo? Ou é apenas em pequenas fendas?
- Consigo ver perfeitamente bem - disse Robin calmamente.
O rapaz, desapontado, voltou a sua atenção para beliscar a irmã. A mulher voltou a tricotar como se nada tivesse acontecido.
O livro já foi muito falado, muito discutido, e eu ia com altíssimas expectativas. A minha irmã perguntou-me depois: o livro é tudo o que dizem? Pois, se calhar não. Mas é muito bom! O meu único comentário menos positivo é que acho que o livro fala de tantos mas tantos temas que acaba por ser exagerado. É preciso ler o livro com atenção, reler até certas partes, sublinhar (sublinhei muito), mas vale bem a pena.
Deixo também a nota que talvez não seja um livro simples de ler em Inglês - eu li em Português e não me arrependo nada - e quero deixar mesmo os parabéns à tradutora porque fez ali um excelente trabalho. Era um livro mesmo difícil de traduzir.
Fiquei com muita curiosidade para ler o novo livro de Kuang, o Yellowface, mas talvez aguarde pela tradução.
Classificação: 5 / 5